terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A obesidade como sintoma

A obesidade é um sintoma. Da mesma forma que a febre indica que estamos com alguma coisa funcionando de um jeitinho meio diferente do que deveria, a obesidade aparece pra nos dizer que “há algo de podre no reino da Dinamarca”.
Não estou dizendo com isso que ela aparece desavisadamente e que permanece sem nosso consentimento. Pelo contrário. Ela é mais do que consentida, ela é esperada, desejada e almejada.  Fazemos por onde.  Ela é trazida para nossa vida pra dar conta de um monte de problemas que não conseguimos enfrentar ou mesmo enxergar.
Ninguém engorda trinta, quarenta, cinquenta  quilos além do peso não comendo nada. Isso não existe. Salvo algumas exceções de problemas hormonais, que eu particularmente ainda assim não “desculpo”, a obesidade é construída pelo sujeito. Cada quilo a mais é responsável por um tanto de vida desse ser que não conhece outro caminho, não sabe o que fazer, como fazer e acaba comendo, comendo e comendo um pouco mais pra poder suportar a angustia que sente e na maioria das vezes nem não entende porquê.
Muito se fala em preencher vazios com a comida. Acredito que isso seja uma bela verdade,  mas também acho que existem outros motivos. Felizmente, o ser humano é único e exclusivo. Não é justo colocar todo mundo no mesmo balaio.  Cada pessoa come por um motivo. Essa máxima é uma das que mais me encanta na psicologia. Essa coisa de que todo mundo tem uma razão diferente pra fazer a mesma coisa. É genial, porque prova o quanto a gente é UM no meio de um montão.
E da mesma forma que algumas pessoas comem, outras compram e outras fazem exercícios, e outras são extremamente organizadas e outras bebem e usam drogas.  Cada um no seu sintoma. Existe, obvia e felizmente, um motivo pra você ter escolhido a obesidade. E isso tem tudo a ver com a sua história de vida, suas escolhas, a maneira como você entendeu aquilo que fizeram com você e o tipo de estímulos que você teve pra se tornar quem é.
Mas também de que adianta saber o porquê disso ou daquilo?? Pra que se ver com isso?? Porque cutucar uma ferida que está lá adormecida? Porque ela aumenta, ela te causa sofrimento, ela te faz ser menos do que você pode ser.  Esse sintoma encobre diversas partes de você. Vale a pena descobrir o que faz você comer, ou melhor dizendo, O QUE você efetivamente está comendo.  A gente come raiva das pessoas que estão em volta, come o não que foi evitado, o outro que invade a gente, come falta de perspectiva, come decepção amorosa... cada um come uma coisa e um motivo. Qual o seu motivo pra comer?

4 comentários:

  1. Querida.
    Gostei muito. Achei muito bem feito.
    Adorei a linguagem meio despojada.

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  2. Querida,adorei. Parece que estou ouvindo vc falar dos distúrbios alimentares. Vc escreve como fala. Adorei o último parágrafo.
    Mãe.

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  3. Agora é só alimentar o blog sempre!!!!
    Lovers

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  4. Ótimo texto Adriana! Vc está coberta de razões, a gente come coisas e motivos e por isso permanecemos com o corpo e a cabeça obesos.

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